Pe. Enio José Rigo
1. Cuidar a Liturgia
Diz-se que quem ama cuida. É verdade! E quem não ama,
não cuida. Isto também é verdade!
Cuidar no sentido de preocupar-se com, interessar-se
por, dar atenção à, envolver-se com, estar atento por, tirar tempo com. O
cuidado e cuidador são expressões por demais valorizadas pela pós-modernidade.
Quem recebe o encargo de cuidar de alguém ou algum valor, torna-se confiável de
quem se confiou. Nesta lógica, quem confiou, tornou-se u fiador a quem fiou.
A Igreja confia aos fiéis o cuidado do “Mistério da
Fé”,
visível na liturgia. E, em se tratando de liturgia, o cuidado é dobrado pois,
quem cuida da celebração, cuida da ação ritual e das pessoas que a constituem.
Particularmente, [...] a liturgia precisa de
um olhar especial, demorado, cuidadoso, amoroso, pois nela os fiéis fazem a
experiência de se configurar ao seu Senhor e dele aprenderem a viver “os seus
sentimentos”(Fl 2,5).
2. Cuidar de quem?
1º. Cuide da assembleia reunida – por ela a Igreja se edifica!
- Que as pessoas sejam acolhidas e ternamente envolvidas. Mas se a
acolhida é dispersiva, não contribui e multiplica os ruídos.
- Que as pessoas sejam respeitadas, no quanto conseguem
acompanhar, de tudo o que são convidadas a participar.
- Que as pessoas sejam introduzidas no Mistério. Quem veio, veio
para rezar. Então colabore para que haja ambiente de silêncio e oração. E se
alguém, ao seu lado, puxar assunto, diga-lhe, pelo olhar, que ali não é o
lugar.
2º. Cuide do presbítero que preside – por ele o próprio Senhor
preside!
- Permita-lhe que se concentre, se prepare, silencie. Não é hora
de lhe dar informações e de pedir informações. Não é ele quem deve decidir o
que fazer se os cantores não vieram ou se os leitores faltaram. Ou se “pode
isso ou se pode aquilo”. Se não houve preparação, assim, aconteça a ação.
- Permita-lhe que, às vezes, fique zangado com o zumbido da “colméia”
que o rodeia. Perdoe-lhe e noutra vez, relembrem que depois de mesa posta não
se briga nela.
- Permita-lhe o sagrado silêncio que o lugar exige. Várias igrejas
foram construídas com duas sacristias: uma, ao padre, que, antes, deve
centrar-se no Mistério, a outra, a outros fins. Hoje, em alguns lugares, uma
virou almoxarifado, outra um enxame de abelhas.
3º Cuide dos leitores – por eles é o próprio Senhor quem fala!
- Mostre-lhes que a leitura do folheto é a mesma que está no
Lecionário
e que este é mais simbólico. O primeiro vai para o lixo na segunda, o segundo,
vai do ambão para a sacristia
e, volta sempre novo, de novo. Mas não basta dizer, faça-lhes ver e ler! Contudo,
recomende-lhes que o tenha, junto ao assento, para salvar-lhes na hora do “desalento”.
Leitura bem feita dá gosto de ouvir.
- Mostre-lhes o leve movimento do microfone, para cima e para
baixo, se necessário. Um se ajuste ao outro, mas com calma
- Mostre-lhes o texto, antes, para que, depois, não haja pretexto.
3. Cuidar do que? Pelos sinais a comunidade se constrói!(cf. Lc
24, 13-35).
1º. Cuide que haja partículas suficientes para a missa do dia, o
vinho e a água.
- Compor a credência com os vasos sagrados é tarefa dos ministros
da comunhão e dos coroinhas. Não havendo nenhum deles, uma pessoa idônea, o
fará.
2º. Cuide da “entrega” dos folhetos e dos livros de cantos.
·
De tempo em tempo haja um revezamento com catequizandos,
crismandos e demais membros da comunidade. Cuide para que os primeiros que chegam
não fiquem com tudo. Normalmente os primeiros que chegam são os que já sabem os
cantos e as respostas de cor. E, os demais que realmente precisam da letra
ficam sem nada.
3º. Cuide da coleta na missa
- Quando há procissão, duas pessoas disponham o “recipiente”, no
corredor, à frente do altar, e, em seguida, o deponham “aos pés do altar”,
feito de tal modo que transpareça a ação da partilha e não a dos pedintes;
- Se a coleta for de mão em mão, duas pessoas entreguem aos
primeiros dos primeiros lugares. Recordo-lhes que o gesto será diferenciado se
os primeiros à frente derem o exemplo. Após, deponham “aos pés do altar”.
- Ao final da missa, confiram e anotem o resultado. Em coletas
especiais e obrigatórias, no domingo seguinte, agradeça a colaboração e
divulgue o resultado, repetindo a destinação.
4. Cuidar é próprio de quem ama – Pelo testemunho os
reconhecerão!(Cf. Jo 13,1-11)
Então, mãos à Obra.
Sem jogo de empurra-empurra. Ao convidar a todos, dizendo a todos que todos são
responsáveis não atinge ninguém. Um espera pelo outro, que espera pelo outro, e
ambos esperam que outros tenham ido e no fim nenhum foi. Como a liturgia é feita
com pessoas, proponho uma forma:
1º. O padre comece por convidar para uma reunião, 3 a 5 pessoas,
entre os já ajudam na liturgia.
- Tomem juntos um “bom café” e depois façam uma lista com nomes de
pessoas que aceitem o desafio de cuidarem das celebrações, “preparando as
pessoas, os lugares, os textos e os ritos”.
2º. O padre diga que sentido da reunião em maior número, não é
somente para distribuir funções na missa. Mas para rezar juntos, estudar
juntos, ensaiar juntos e, depois da oração e dos ensaios, tomarem “um
café-com-leite mais reforçado” juntos.
3º. Quem ama, cuida a Obra, quem não ama não se importa e, cuida
de si
- Quem ama encontra tempo, retira o carro da garagem ou arruma
carona, e participa, faz parte “da lista”. Quem ama não deixa que só “a fulana
e o fulano” carreguem o peso sozinho. Quem ama dá um jeito e ajeita. Que não
ama arruma desculpa e se justifica, lava as mãos. Quem ama, encara o desafio
com fé, e ajuda a convencer a si e a outros que ajudar é a melhor maneira de
amar.