domingo, 7 de outubro de 2012

Na abertura do Sínodo dos Bispos, o papa Bento XVI proclama dois novos Doutores da Igreja

S. Juan D'Avila
1499 - 1569
Na santa missa celebrada hoje na Praça São Pedro o papa Bento XVI abriu solenemente os trabalhos da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã. 
Antes da missa, porém, o Santo Padre proclamou Doutores da Igreja os bem-aventurados: São João d'Avila Santa Hildegarda de Bingen.
Esses acontecimentos coincidem com as comemorações do "Ano da Fé" (2012-2013), a ser inaugurado na próxima quinta-feira, 11, para comemorar-se os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965).
Citamos dois trechos de sua HOMILIA nos quais fala sobre esses santos doutores, mestres de fé.
São João d'Avila foi sacerdote espanhol que "[...] viveu no século XVI. Profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, era dotado de um ardente espírito missionário. Soube adentrar, com uma profundidade particular, nos mistérios da Redenção operada por Cristo para a humanidade. Homem de Deus, unia a oração constante à atividade apostólica. Dedicou-se à pregação e ao aumento da prática dos sacramentos, concentrando seus esforços para melhorar a formação dos futuros candidatos ao sacerdócio, dos religiosos, religiosas e dos leigos, em vista de uma fecunda reforma da Igreja". (Bento XVI, 7.10.2012).
S. Hildegard von Bingen
1098 - 1179
A monja beneditina alemã, Santa Hildegarda de Bingen, foi uma "[...] importante figura feminina do século XII, ofereceu a sua valiosa contribuição para o crescimento da Igreja do seu tempo, valorizando os dons recebidos de Deus e mostrando-se uma mulher de grande inteligência, sensibilidade profunda e de reconhecida autoridade espiritual. O Senhor dotou-a com um espírito profético e de fervorosa capacidade de discernir os sinais dos tempos. Hildegarda nutria um grande amor pela a criação, cultivou a medicina, a poesia e a música. Acima de tudo, sempre manteve um amor grande e fiel a Cristo e à sua Igreja." (Bento XVI, 7.10.2012).
A última proclamação desse tipo aconteceu em 1997 quando o beato Papa João Paulo II proclamou S. Teresa de Lisieux (S. Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face) como 3ª Doutora da Igreja. A 1ª e 2ª doutoras da Igreja foram proclamadas em 1970 pelo Papa Paulo VI - S. Catarina de Sena e S. Teresa d'Ávila. 
São João d'Avila Santa Hildegarda de Bingen fazem parte agora do seleto grupo de 31 homens e 4 mulheres cujos pensamentos, pregações, escritos e forma de vida enalteceram o Cristianismo (Catolicismo).

Abaixo confira mais detalhes da vida e obra dos mais novos Doutores da Igreja:

  • Santa Hildegarda de Bingen Doutora da Igreja 
Hildegarda de Bingen (1098-1179) é considerada uma das figuras mais extraordinárias da ciência humana europeia. Foi definida inclusive a mulher mais inteligente da Idade Média. De nenhuma mulher medieval foram transmitidos tantos testemunhos literários. Quem apresenta a figura e a obra desta santa beneditina – que Bento XVI, neste domingo 7 de Outubro, proclama Doutora da Igreja – é o Cardeal Karl Lehmann, Bispo de Mainz. 
No âmago do pensamento teológico e espiritual da santa está a Criação, no sentido não só moderno, porque remete sempre para o seu autor, Deus o Criador, que pelo seu amor incomparável à existência criadora, quis pôr o homem no centro da Criação. Santa Hildegarda nunca vê o homem e o mundo, o corpo e a alma, a natureza e a graça, como fenômenos isolados. A antropologia está fortemente ligada à cosmologia e, consequentemente, também à ecologia. Toda a Criação transparece repetidamente através do nexo vivo que existe entre todos os fenômenos. 
Para descrever este nexo intrínseco de toda a Criação, e, sobretudo, a «harmonia» com a qual as criaturas se relacionam umas com as outras até se completarem, Hildegarda usa com frequência o termo «sinfonia», principalmente nas poesias e nos seus cânticos. Santa Hildegarda não tem dúvidas quando afirma que Deus criou o nosso mundo como mundo bom. Ela não fecha os olhos diante do mal e do pecado que causaram tanta destruição e desarmonia na Criação. 
Portanto, tudo depende da conversão do homem. São célebres três escritos que contêm as suas visões: o Scivias, Conosci le vie (1141-1151), o Liber Vitae Meritorum (1158-1163), o livro dos méritos da vida, e o Liber Divinorum Operum(1165-1174), o livro das obras divinas. Este último livro com as visões cosmológicas é considerado a obra-prima da sua mente criativa. Entre os anos 1150 e 1160 adquiriram forma os seus escritos sobre as ciências naturais e sobre a medicina; obras que representam, no estado atual, uma coletânea de experiências populares, herança clássica e tradição cristã. (SP- Karl Lehmann, Bispo de Mainz).


  • João de Ávila mestre de evangelização 
São João de Ávila (1499 ou 1500-1569), que Bento XVI proclamou Doutor da Igreja, neste domingo 7 de outubro, o Cardeal Antonio María Rouco Varela, Arcebispo de Madrid, traça um perfil não só biográfico para o jornal L’Osservatore Romano. O chamado mestre dedicou a sua vida à oração e ao estudo, a pregar a pequenos e grandes, clérigos e leigos, tornando a Palavra de Deus compreensível aos sábios e aos ignorantes. 
Deixou uma série de tratados de espiritualidade, sermões, conversações e cartas naquele castelhano «de ouro» delicioso que harmoniza o falar bem com a solidez, a graça e a densidade do seu conteúdo. Entre as obras mais célebres o Tratado do Amor de Deus, o Tratado sobre o sacerdócio, o Catecismo ou Doutrina cristã, os Comentários à Carta aos Gálatas ou à Primeira Carta de João e, sobretudo, o famoso Audi, filia, fruto da sua experiência como guia espiritual de uma jovem. 
Em todas estas obras pode-se apreciar a sua metodologia rigorosa nos conteúdos e nas citações bíblicas, patrísticas e conciliares, ao lado de um raciocínio metódico e coerente e de um estilo cheios de comparações pedagógicas, expresso no seu castelhano sóbrio, bonito e claro. Observam-se também uma grande capacidade pedagógica, uma habilidade particular a considerar o destinatário dos seus sermões ou dos seus escritos e uma criatividade considerável na escolha dos instrumentos adequados à mensagem que desejava transmitir. 
Por exemplo, escreveu um catecismo em versos que podia ser cantado, de maneira que as crianças o aprendessem facilmente e com prazer e, ouvindo as crianças, também os adultos o aprendessem. Como verdadeiro humanista e bom conhecedor da realidade, a sua teologia estava próxima da vida e respondia às questões da época, fazendo-o de modo didático e compreensível.

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